2005/02/22

Resultados Eleitorais Legislativas 2005

As contas, como devem ser feitas, sem vigarices, nem mistificações.

------------Núm. Eleitores ------ % reais
-- votantes --- 5 711 981 --------- 65,02%
-- Abstenção-- 3 072 721 --------- 34,98%
-- PS --------- 2 573 302 ---------29,29%
-- PSD ------- 1 638 931 --------- 18,66%
-- CDU -------- 432 139 ---------- 4,92%
-- CDS -------- 414 855 ---------- 4,72%
-- B.E. --------- 364 296 --------- 4,15%
-- Outros ------ 121 138 ----------- 1,38%
-- Brancos ------103 555 ---------- 1,18%
-- Nulos --------- 63 765 ---------- 0,73%
-- SOMA % --------------------- 100,00%
-- Soma % votos expressos ------- 65,02%

Agora comparem estes valores, com os resultados oficiais, calculados na base da vigarice que é todo o nosso sistema representativo:
-- Abstenção-- 3 072 721 ---------- 34,98
--- PS ------ % "oficial" de votos --- 45,02
--- PSD ----- % "oficial" de votos --- 28,69
--- CDU----- % "oficial" de votos ---- 7,57
--- CDS ----- % "oficial" de votos ---- 7,26
--- BE ------ % "oficial" de votos ---- 6,38
--- Outros--- % "oficial" de votos ---- 2,12
--- Brancos-- % "oficial" de votos ---- 1,81
--- Nulos---- % "oficial" de votos ---- 1,12
--- Soma destas % -----------------134,95 ?? (Todos sabem, que a soma dum conjunto de percentagens, correctamente calculadas, dá cem (100))

Total de eleitores que recusaram votar nestes políticos 3 240 041 igual a 36,89%
Total de eleitores que não são representados por estes deputados (excluindo a emigração) 3 361 179 igual a 38,26%. Excluir tanta gente das decisões sobre a nossa vida colectiva, riscá-los, pura e simplesmente, do mapa, é um acto de puro nazismo.
A abstenção, de facto, desceu. Tenho pena das pessoas que se mobilizaram, para votar nestes vigaristas, pensando que isso iria contribuir para resolver os nossos problemas colectivos, porque não merecem a desilusão que vão ter, a partir de hoje. Em contrapartida, os votos em branco quase que duplicaram. Mas disso ninguém fala. As opiniões dos cidadãos mais esclarecidos não importa, apenas a daqueles que ainda têm ilusões, que podem ser manipulados pelas máfias que nos governam. Foi assim, com este tipo de percentagens, que começou o B.E.
Conclui-se que apenas foram eleitos 140 Deputados, em vez dos 226 anunciados. Portanto, para o parlamento, vão (226-140) 86 Deputados que não representam quem quer que seja, que vão apenas chular o país, porque usurparam representação que não têm, e recebem dinheiro que não lhes pertence, que devia ser usado para melhorar as condições de vida da população e permitir tomar medidas que impulsionem o desenvolvimento da economia.Sobretudo os pequenos partidos deveriam compreender as vantagens deste procedimento, porque sempre representam alguém que, nas questões concretas, tem o direito de ter a sua própria opinião, em vez de se ver excluido do mapa dos vivos (onde só existe para pagar impostos e ser vítima de todas as patifarias. Por isso tanto se foge aos impostos. As pessoas não têm motivos para pagar, porque também não têm direitos).
Os cépticos, por favor, façam as contas e verifiquem por si mesmos!
Isto é uma vigarice, prejudicial à democracia. Impede que o país progrida.
É claro que um governo, eleito na base da vigarice, de cuja representatividade estão afastados mais de 38% da população, só pode ser mais um governo a prazo, um governo para alguns meses, 10?, 20?, 30?, que vão ser de agravamento das nossas condições de vida e da nossa já desastrosa situação política económica e social.
Este governo, assim "enfatuado" de falsa maioria absoluta (com 29,29% dos votos, imagine-se), não vai resolver nenhum dos nossos problemas reais, daqueles que afectam as nossas vidas, as vidas de milhões de cidadãos. E, sem isso, o país não progride, a nossa situação não melhora e o próprio governo estará condenado, a curto prazo.
Na realidade, o que se vai verificar quando se justificar a contestação a este governo, é que mais de 70% dos cidadãos estão contra. Sempre foi assim e esse facto é o principal factor de instabilidade. Se os governantes tivessem isso em conta, nas suas actuações, muitos problemas se evitariam.
Assim nunca será possível eleger um governo para uma legislatura, ou sequer ter a estabilidade mínima para progredir.

2 comentários:

Endovelico disse...

A vigarice existe sobretudo em termos de escrutínio pelo método de hondt. O que se passa aqui é quanto muito publicidade enganosa. As percentagens oficiais só dizem respeito aos votos expressos. Assim sendo, os 65,02% de votantes constituem-se nos 100% distribuidos pelos diversos partidos. Por isso quando somas as percentagens oficiais obtens um excesso que corresponde ao índice de abstenção. Em termos práticos não é errado excluir essa percentagem. Até porque uma abstenção deriva geralmente de um desinteresse político-democrático e é aceitável que se traduza numa exclusão. A forma correcta de afirmar esse desinteresse é pelo voto em branco e não pela inacção.

Biranta disse...

Sei como se fazem as contas. O que pretendo dizer, neste "post" é que estou absolutamente contra o método, porque distorce a realidade. E porque quanto melhor e mais correctamente o parlamento reflectir a realidade mais e melhor democracia teremos. Acho absolutamente errado, em termos práticos, objectivos e democráticos, excluir a abstenção, seja com que desculpa for. Qualquer argumento, aqui, não passa de desculpa. Ninguém pergunta aos abstencionistas porque é que não votam. A maioria (como é o meu caso) não vota porque detesta estes políticos, esta maneira de fazer política e têm todo o direito. Ninguém me pode obrigar a escolher entre gente que não presta, apenas porque são estes que são "promovidos", previamente escolhidos, os únicos em quem podemos votar. O que tem que mudar é a forma de fazer política e não os cidadãos. Estes cidadãos são os que temos. Se são incultos e pouco esclarecidos, isso é culpa, também, dos políticos. Se é por isso que decidem erradamente, (ou não decidem) então aumente-se-lhes a cultura e o esclarecimento. Mas as suas opções (ou ausência delas) têm de ser respeitadas, em qualquer caso, para que haja democracia.
Aliás, toda esta "minha" luta se resume a duas coisas:
(1) Que esta verdade seja dita às pessoas; que os resultados eleitorais correctamente calculados sejam os publicados (muita gente não tem a menor noção destes números).
(2) Que, (em vista do descalabro de situação em que vivemos e visando a sua resolução), todos os cidadãos esejam consultados a propósito destas alterações que proponho e não só.
O que pretendo, em qualquer dos casos, é mais democracia, objectividade e honestidade. Nada mais, porque mesmo que eu ache que sei como se resolveriam a maior parte dos nossos maiores e mais prementes problemas, reconheço que eles não são resolúveis sem mais e melhor democracia. Além de que, outro tipo de coisas já sairia do âmbito das minhas "competências", por isso me limito a exigir mais democracia, porque para isso qualquer um tem toda a competência, tem o direito e até a obrigação.
Só para dizer que não há, da minha parte, nenhuma confusão ou mal entendido. O que há é uma luta firme por alterações que a falta de pudor e de dignidade dos deputados e dos políticos, em geral, tornaram justificáveis e urgentes, para se poderem resolver os nossos problemas colectivos.