Oh meu caro,
Você não percebeu nada do que eu quis dizer, mas eu vou tentar explicar.
(1) Eu defendo, (porque é uma lei da vida, reconhecida por todas as pessoas minimamente evoluídas, esclarecidas), que existem, em todos os tempos e lugares, as soluções para todos os nossos problemas e também as pessoas adequadas para cada cargo e função; isto é: as pessoas capazes de “executar” essas soluções.
(2) Uma democracia, que funcione, de facto, deve permitir que isso aconteça (que se encontrem as soluções e que se coloquem as pessoas certas nos lugares certos), naturalmente, apenas pelo facto de ser democracia e funcionar
(3) Portanto, apenas podemos concluir que estamos nesta situação desastrosa, porque a “nossa” democracia não funciona.(Inventam-se muitas desculpas, mas são apenas desculpas). Até porque, para que a democracia funcione é necessário que haja responsabilização de quem falha, ou prevarica, que esses sejam punidos e afastados dos seus cargos.
(4) É responsabilidade de quem governa garantir que a democracia funciona, corrigindo as más práticas. Mas, quanto aos eleitos, compete aos eleitores “puni-los” pelos seus maus desempenhos. E até dizer que nenhum dos que se apresentam às eleições (daqueles que a comunicação social e os compadrios promovem) reúne as condições para merecer o seu voto.
(5) Tudo isso é democrático, mas apenas se for eficiente. A democracia não funciona sempre que se dizem mentiras, se aldrabam contas, etc.
(6) Ora, as contas dos resultados eleitorais estão aldrabadas. As percentagens atribuídas a cada partido não são as reais. E, amanhã, na vida do dia a dia, o que se vai fazer sentir é a realidade. Por isso os governos não têm estabilidade, porque partem duma situação fictícia. As contas oficiais, começaram por “transformar” 29,29% em 45% de votos e depois ainda transformaram esses 45% de votos em mais de 50% dos deputados. É só aldrabices, manipulações, logros, que impedem a resolução dos nossos problemas.
(7) Não sei o que é que você pensa que vai ser o país agora, após as eleições, mas eu não acredito (e a maioria da população portuguesa também não) que alguma coisa de realmente importante mude. E pode mudar, se a realidade aparecer à luz do dia, se os políticos forem obrigados a alterar os seus critérios, a praticar, realmente, democracia.
(8) Também não sei o que é que você pensa que seja a utilidade de 230 Deputados, na Assembleia, a custarem uma fortuna ao país, a gastarem, inutilmente, dinheiro que devia ser usado a resolver problemas reais. Mas o pior é estarem lá 86 Deputados que ninguém elegeu, que não representam quem quer que seja. Ora, se a forma de os cidadãos responsabilizarem os políticos, está restringida ao uso que fazem do seu voto, por uma questão de decência e idoneidade mínima do sistema, só deviam tomar posse os deputados realmente eleitos. É o que eu chamo valoração da abstenção.
(9) Até porque, meu querido amigo, a melhor forma de resolver os problemas (a única forma de resolver os problemas) é enfrentar a realidade, actuar de acordo com a realidade, ter em conta a realidade.
(10) A maioria absoluta do PS representa, apenas, 29,29% dos eleitores e, amanhã, quando as nossas condições sociais se agravarem, por causa dos arbítrios prepotentes dos barões do PS, que os próprios acham legitimados pela sua (falsa) maioria absoluta, o que a realidade vai reflectir é que esse partido apenas tem o apoio de 29,29% dos eleitores. Assim, as crises e a instabilidade são permanentes, com consequências desastrosas para o agravar da crise.
(11) Por isso eu defendo que é necessário implementar um sistema verdadeiramente democrático e justo, que permita que a democracia funcione, onde o rigor e a exigência de eficiência (de que cada um justifique, integralmente, o ordenado que recebe) comece pelos deputados e governantes. Com aquele exemplo de inutilidade e parasitismo, (o parlamento) tão escandalosamente bem recompensado, como é que se pode exigir disciplina e rigor e eficiência e esforço aos cidadãos? Para quê, se quem ganha os bons ordenados são aqueles que nada fazem?
(12) Porém, independentemente da escolha de cada um e suas consequências, eu apenas acho que a opção de cada cidadão deve ser respeitada na íntegra. Isso implica que apenas tomem posse os deputados realmente eleitos; aqueles em quem alguém votou.
(13) Até porque a minha verdadeira proposta é que se destine ao parlamento apenas o dispêndio que ele merece e o país pode pagar e que se reduza o número máximo de deputados para cem (100). Isso faria com que o número total de deputados que tomariam posse fosse, apenas, 65. Já imaginou a quantidade de dinheiro que se poupava? Consegue me enumerar, sem sofismas e sem gaguejar, utilidade prática, do parlamento, que justifique um dispêndio de dinheiro superior? Para não falar nas regalias e nos vencimentos, escandalosos, dos deputados, decididos pelos próprios, que eu acho que deviam ser decididos pelos cidadãos.
(14) Mas, deixe-me que lhe diga, o meu mail destina-se apenas a fazer com que as pessoas saibam os valores reais das percentagens de votos obtidas por cada partido. Mesmo assim garanto-lhe que já recebi mensagens bem mais malcriadas do que a sua. Para alem dum “mail” devolvido pela “Oninet”, com a mensagem: “Nondeliverable mail”.
(15) Eu pergunto: porque é que a verdade causa tantos engulhos a tanta gente? Porque é que estas pessoas não sabem lidar com a verdade? Só pode ser porque também não sabem lidar com a democracia, porque sabem que, se a maioria das pessoas tivesse consciência desta realidade, eles não poderiam continuar a actuar como até agora, teriam que ter em conta os cidadãos. Portanto, só se pode concluir que aldrabam e enganam as pessoas, conscientemente e deliberadamente, porque sabem que têm a oposição da maioria dos cidadãos. Mas, repito, caramba! É apenas a realidade, crua e nua, dos números. Publiquem eles os valores correctos, que eu já me calo. Mas não! Esta gente não sabe lidar com a verdade e esse é o nosso pior problema, aquele que impede a resolução de todos os outros problemas.
Como vê, do que eu ando à procura é de mais rigor e de mais democracia, de respeito pelas opções de todos e de cada um, de um país onde todos tenhamos lugar, de melhor e mais eficiente gestão e aplicação dos nossos recursos e do nosso dinheiro.
Um abraço!
1 comentário:
Tudo isso é muito certo. Mas a realidade é que não vivemos numa democracia. O sentido clássico deste sistema, assim como era entendido por Aristóteles, Platão e Sócrates (não, o outro Sócrates), dizia respeito a uma Democracia directa. O que temos aqui é uma democracia por representação e isso é apenas uma República. Mas pior do que isso, não me parece que vivamos sobre algo tão nobre sequer quanto uma República, guiados por ideais de igualdade, fraternidade e liberdade, por uma procura humanista e uma integridade ética. Vivemos quanto muito numa Economia. As leis, mais do que servirem o indivíduo, servem o mercado e a perpetuação do poderio financeiro.
Tudo isso é muito belo, mas receio que não haja beleza no topo.
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