2006/01/23

Se Todos Os Votantes Contassem...

Passos Perdidos!

Se os votos brancos e nulos contassem, para o cálculo das percentagens atribuídas a cada candidato (como acontece nas legislativas), Cavaco Silva NÃO teria sido eleito à primeira volta!

Teria obtido, apenas, 49,66% dos votos

É caso para dizer que foram "passos perdidos" os dos que interiorizaram os apelos ao voto e foram tentar "marcar posição".
Estes votos não foram considerados para o cálculo das percentagens atribuídas aos candidatos, nem foram "considerados" como abstenção, contribuindo para reduzir esta percentagem (que começa a "incomodar"). Nos resultados oficiais, é como se estes eleitores não existissem...
É caso para dizer: é o cúmulo da vigarice!

Presidenciais 2006. Resultados!

Presidenciais 2006. Resultados!

No meio dum turbilhão de coisas para analisar, criticar, (cuja verdadeira dimensão e significado ainda desconhecemos) vamos ater-nos, por agora, apenas, aos VERDADEIROS Resultados Eleitorais de ontem, calculados com os números disponibilizados pelo site oficial, às 12 horas do dia 23 de Janeiro de 2006:

TOTAL DE ELEITORES INSCRITOS: --- 8 830 706 ------ Perct.
Total de votantes ------------------------- 5 529 117 ----- 62,61%

Cavaco Silva --------------------------- 2 745 491 ----- 31,09%
Manuel Alegre --------------------------- 1 124 662 ----- 12,74%
Mário Soares ---------------------------- -- 778 389 ----- - 8,81%
Jerónimo de Sousa -------------------- -- 466 428 ----- - 5,28%
Francisco Louçã ------------------------- -- 288 224 ----- - 3,26%
Garcia Pereira --------------------------- --- 23 650 ----- - 0, 27%

Abstenção + Nulos + Brancos --------- - 3 403 862 ---- 38,55%

Se eu adoptasse a atitude, estupidamente presunçosa e mesquinha, que caracteriza os políticos e os apoiantes dos concorrentes, proclamaria vitória e reivindicaria “a credibilidade” devida a se terem concretizado as minhas “previsões”.

Mas eu não faço isso porque, ao contrário dos referidos, não tenho problemas de auto estima, nem de afirmação pessoal, ou de “reconhecimento”; muito menos pretendo impor as minhas opiniões ou opções, em detrimento das alheias.

Não faço isso porque esta é uma situação deplorável, desesperante, que apenas “promete” a continuação e agravamento das “nossas desgraças”, da falta de esperança e ausência de auto estima colectivas. Não há como “alimentar” euforias (falsas)…

Não faço isso porque a circunstância de a situação ser da total responsabilidades dos protagonistas políticos não adianta um milímetro à luta por mais e melhor democracia.
Não faço isso porque eu não ganhei nada! Perdemos todos!

Não faço isso porque “mais e melhor democracia” implica igual respeito pelas opiniões e opções expressas por todos e por cada um, incluindo a abstenção (sem excluir “os outros”).
Não faço isso porque o que me move é lutar pelo reconhecimento do respeito devido a TODOS, incluindo, portanto, os que votaram em algum dos candidatos. Não estou a disputar espaço alheio, mas o direito ao próprio espaço, a que este não seja apropriado, indevidamente, por outros

Mais! Luto pela valoração da abstenção, apenas e só, porque permite resolver os nossos problemas colectivos.
Luto pela valoração da abstenção porque a nossa classe política é composta por gente sem pudor, sem vergonha e sem dignidade, cínica, a quem tem de ser imposta “rédea curta”, meios de responsabilização, para travar os seus ímpetos perversos, que nos têm destruído (e nos irão continuar a destruir, como se pode ver pelo resultado destas eleições).

Cavaco Silva foi conduzido em ombros, pelos restantes, candidatos, desde antes de ter anunciado a sua candidatura, até à eleição. Ganhou, com a ajuda de todos os outros. Por isso nenhum se pode queixar dos resultados, que ajudaram a “obter”. Principalmente o Primeiro Ministro, apostou, desde o início, na eleição de Cavaco Silva. Este foi o “seu” candidato, desde sempre. Eles são da mesma laia… TODOS!

Já agora, como termo de comparação (e porque este post tem grandes probabilidades de ser lido à distância; no tempo e no espaço), aqui ficam as percentagens oficiais, de votos, atribuídas a cada candidato:
Cavaco Silva ------ 50,59%
Manuel Alegre ---- 20,27%
Mário Soares ----- 14,34%
Jerónimo ---------- - 8,59%
Louçã -------------- - 5,31%
Garcia Pereira ---- - 0,44%

Convenhamos que ser eleito com 50,59%, ou ser eleito com 31,1% dos votos tem significados completamente diferentes. A vigarice é tal que a população nem sequer tem direito à verdade dos números…

2006/01/04

2005,O Balanço Do Nosso Desencanto!

Publicado também em Editorial

Este post devia ter “saído” há cerca de oito dias!
Está difícil!

É que, olhar para o ano que passou, depois de ter acompanhado e participado na luta por um país e um Mundo mais digno e avaliar os “resultados” é algo de muito doloroso… Por isso o adiar; mas não há volta a dar-lhe, tem de ser…
O ano que passou foi o primeiro ano civil de existência do meu blog "Sociocracia". Foi o primeiro ano que começou e acabou na “vigência” desta luta. Este blog completou um ano de existência no dia 17 de Outubro de 2005.
O meu primeiro post de 2005 falava da paranóia da “luta contra o terrorismo” e respectivas mentiras, mistificações, manipulações, campanha de terror sobre toda a população do Mundo… Neste aspecto: da guerra e respectivas “justificações”, o que é que melhorou?

No segundo post do ano transacto, datado de 05-01-2005, eu escrevia:

“Mais uma vez constatamos que tudo isto só é possível devido à subserviência canina, da comunicação social, aos mais pérfidos interesses dos mais pérfidos personagens.
O progresso a que temos direito, o país, o bem estar do cidadão, não contam, para ninguém: jornalista, governante, ou político. Os interesses dos criminosos, e só esses, é que contam.
Também já o disse, mas nunca é demais repeti-lo, enquanto este tipo de crimes infames forem possíveis, na nossa sociedade, com envolvimento das instâncias de investigação e judiciais, não será possível, nem sequer, a resolução dos nossos problemas económicos, muito menos os sociais. Numa situação destas não há competência que resista; não adianta ter ilusões.
Também já o disse, mas como ninguém ouve, vou continuar a repeti-lo, até que se ouça (ou compreenda), que os nossos piores problemas têm origem no facto de este país estar nas mãos de criminosos. E não me refiro aos “inimigos sem rosto” inventados pela magistrada Maria José Morgado, porque não existem (e porque não sou D. Quixote); refiro-me a estes criminosos, que assim se pavoneiam, despudoradamente, e se exibem, nos órgãos de comunicação social, ante a complacência dos governantes e políticos”.
Vocês perceberam alguma melhoria no que concerne a estas questões? (da alta criminalidade e seu domínio sobre o País, das cumplicidades e apoios dentro da comunicação social, etc.).

Durante todo o ano passado li, na blogoesfera e na comunicação social, todo o tipo de denúncias e reproduzi algumas delas.
Para completar a lista, ainda faltam os episódios que relatei, de entre os muitos que me chegaram ao conhecimento, particularmente.

Esgotado o tempo do ano civil e chegado o momento do balanço que podemos concluir?
Quais os frutos desta luta?
O que é que melhorou?
Que é feito dos nossos direitos de cidadania?
Que esperança nos resta?
Como atingir os nossos anseios de uma vida melhor, de um Mundo melhor, duma sociedade digna?

Cada um que responda como achar melhor!
Por mim, para ilustrar, com exemplos concretos, como convém, o que estou a tentar dizer, peço-vos que atentem no conteúdo deste post, publicado em 12-10-2005.

E agora, para que se perceba, bem, “o efeito” (nulo) destas denúncias, a evidenciar o arrivismo, a falta de vergonha e de dignidade, a arrogância prepotente e vil dos nossos políticos, aqui fica a transcrição dum post publicado em “Um Homem das Cidades”, no dia 29-11-2005:
...
“Exonerados da Refer, Braamcamp Sobral, Luís Miguel Silva e José Marques Guedes assumiram já o cargo de assessores na CP, enquanto Pires da Fonseca, ex-administrador da CP, integrou os quadros da Refer.
Segundo fontes contactadas pelo CM, os agora assessores ainda não iniciaram a sua actividade nas respectivas empresas, encontrando-se, alegadamente, de férias. O certo é que já receberam os novos ordenados, bem como o subsídio de Natal a que têm direito pelos seus novos postos.
De acordo com as contas feitas pelo CM, cada um dos assessores dos conselhos de gerência recebeu entre 3800 e quatro mil euros líquidos de ordenado e mais de 600 euros de subsídio de Natal, correspondentes aos meses “trabalhados” nas novas funções.
Para além do ordenado, os assessores dispõem de carro, telemóvel, cartão de crédito e despesas de representação.
Ao integrarem os quadros de pessoal daquelas empresas, os gestores acabaram por beneficiar em pleno dos actos pelos quais foram despedidos do Estado com justa causa.
Questionadas pelo CM sobre o paradeiro dos novos assessores e das funções que lhes foram atribuídas, nem a CP nem a Refer deram qualquer resposta.Os administradores foram exonerados em Outubro pelo Governo “por manifesta inobservância da lei e violação grave e reiterada dos deveres dos gestores públicos”.
Entre as irregularidades detectadas, encontram-se a contratação cruzada de administradores entre a CP e a Refer.
Em Outubro foram também exonerados “por quebra de confiança” António Rosinha e, a seu pedido, Pires da Fonseca, os dois quadros da CP admitidos pela Refer.”
...
Isto é assim, há décadas, enquanto a nossa indignação cresce... Esta gente não tem pudor, nem dignidade, nem vergonha!

Muitas outras denúncias por aqui passaram, com resultados semelhantes ou piores…

Um dos nossos pesadelos colectivos mais graves é o funcionamento da Justiça.
Também nesse sector nada mudou, a não ser para pior, como acontece sempre que “as crises” não têm as soluções devidas…
Neste sector, podemos citar como exemplo mais gritante dos motivos do nosso desencanto o "Caso da Joana", que desapareceu, duma aldeia algarvia e cujos familiares foram acusados do seu assassinato SEM PROVAS, tendo sido condenados apesar de, obviamente, estarem inocentes.
Neste país é assim: os inocentes vão para a cadeia, à mercê dos caprichos de criminosos, sem escrúpulos, que asctuam de dentro das instituições da justiça, enquanto que os criminosos, comprovados, são postos em liberdade.
Apenas como exemplos ilustrativos, (de criminosos a quem é garantida impunidade e até a liberdade)
citemos o caso do traficante Franklim Lobo;
dos acusados da morte dum agente da PJ;
do facínora que assassinou dois agentes da PSP, na Amadora (de cuja existência e cujo paradeiro eram conhecidos das polícias), para quem o advogado Martins invoca incapacidade psicológica;
e, finalmente mas não menos importante, do facínora que assassinou Nélio Marques, que esteve em prisão domiciliária até há pouco tempo, mas que foi “posto em liberdade”, pelo juiz, perante a indignação, manifesta, dos familiares e amigos da vítima.
Isto a par da prisão preventiva de inocentes, como aconteceu no Processo Casa Pia, e não só, no meio dos episódios e actos mais absurdos e abjectos praticados por “protagonistas” da justiça e outros…
Entretanto, mais um amigo juntou a sua às nossas vozes, com muitos e fortes motivos pessoais para o fazer… resultados?

É um nunca mais acabar de episódios escabrosos, a evidenciar bem que o mau funcionamento da justiça se deve, exclusivamente, “aos protagonistas”, seu despudor e respectiva impunidade… A evidenciar bem que temos razão quando afirmamos que mais de 60% dos processos não existiriam, se os protagonistas da justiça fossem idóneos, dignos.

Da protecção de menores e dos crimes praticados (pela sociedade e com a conivência e cumplicidade da sociedade) sobre crianças, cada vez mais novas, nem vale a pena falar (porque já adiei demais este post)… Também aqui a situação se tem vindo a agravar.

Quanto à situação económica e social, não há necessidade de nos alongarmos, porque todos sabem, todos vêem… não podemos ignorar! Mas também porque não é possível melhorar este estado de coisas sem que os problemas fundamentais, da justiça e do funcionamento do estado e instituições se resolvam.


E agora pergunto: Para 2006, que podemos esperar?

Receio que apenas aquilo que por que formos capazes de lutar, que formos capazes de conquistar, sem tibiezas…